AFINAL, O QUE O AMAPAENSE PODE?


Desde que o mundo é mundo, o ser humano busca evoluir, crescer, produzir, dominar, prosperar. Isso é até instintivo. Olhando para a Bíblia, Deus dá a ordem ao homem para sujeitar à terra a ele e dominá-la. Na escolha de um povo exclusivo Dele, o Criador também falou sobre movimento, sair de onde estava, ir para longe, explorar o desconhecido, o que chamamos de terra prometida. Essa terra tinha características bem atrativas. Manava leite e mel, era fértil. Mas para conquistá-la, haveria obstáculos, literalmente, gigantes. Porém, havia uma promessa e havia também condições. A conquista não aconteceria sem luta.

Nós, que vivemos no Amapá, no extremo norte do Brasil, já estamos na terra, nossa terra que mana leite e mel. Mas mana muito mais que isso. Mana petróleo, ouro, nióbio, tantos minerais preciosos que são de dá inveja. E dá mesmo. Ela é tanta que perdura por séculos e tem poder para tirar de nós a possibilidade do óbvio: usufruirmos do que é nosso, por natureza. 
Os inimigos estão longe, espalhados por algumas nações, são os que se acham donos do mundo. Mas eles só conseguem êxito por causa dos inimigos que estão perto, bem perto. Brasileiros que não têm valor, mas têm preço. Eles negociam o futuro de um povo.  E é por causa desses traidores da pátria que somos, constantemente, derrotados. 
Afinal, na negociação feita por órgãos e governos brasileiros, o que sobra para o povo do Amapá? 
Mal podemos plantar, não podemos empreender. Empresas chegam e são extorquidas por quem dita quem entra, quem sai e quem fica. O que tem de riquezas atrativas tem de leis ambientais proibitivas. 
Assim, a única exportação que prospera é de famílias inteiras indo embora porque ar puro não paga conta de um dos lugares com o maior custo de vida. Ar puro não paga fatura de uma das energias mais caras do Brasil, não paga a conta do isolamento geográfico que uma pequena ponte resolveria, não paga a conta de não termos uma saúde pública de qualidade, de não termos segurança, de não termos educação que coloque nossos jovens com as mesmas condições de jovens de outros estados. Não nos dá tecnologia de ponta, ciência, pesquisa. O ar puro se mistura com o atraso, a fome, o desespero de não ter nada para dar aos filhos na hora da refeição. Mas o ar puro deve estar enriquecendo alguns com os tais fundos. Os fundos internacionais que chegam na conta de uns e nunca chegam na ponta, no que é mais importante, na peça principal do cenário. Os fundos nunca chegam no povo. Será que eles são pagos justamente para eliminar, homeopaticamente, o povo, acabando com a resistência, e a tomada do que é nosso ser facilitada pela ausência? Temos tanto e temos tudo, mas não podemos nada. 

Há algumas coisas apenas que podemos. Votar em quem é responsável por não podermos nada e agradecer a eles senão, aí mesmo que não recebemos nada, porque eles detêm o tudo que deveria ser nosso. Podemos alimentar com caviar quem nos faz passar fome. Podemos rir das nossas desgraças, reclamar e, por fim, votar de novo, e de novo, e de novo em quem pode tudo enquanto nada podemos. 
Há uma venezuelização por fatias no país e essa é a primeira fatia. Deve ser porque aqui começa o Brasil. Querem condenar à miséria um povo que pisa na fartura.  

Como na bíblia, não há conquista sem luta. E já deu para conhecer os inimigos verdadeiros. Já deu para saber quem lucra, e lucra muito, com a miséria. Já deu para descobrir quem não fará nada para mudar o que nunca fez antes, podendo ter feito. Dá para sentir no ar uma "barriga" que empurra sempre para o "ano que vem" o progresso, o desenvolvimento, a prosperidade de um povo que, urgente, clama.  Mas não se preocupe, temos o ar puro. Foi o que sobrou para o amapaense faminto que não pode nada. 

Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
Jornalismo para um Brasil livre e próspero.

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