O PERIGO DE SE ACOSTUMAR COM ABSURDOS
Mas, na história recente, quando eles começaram? Em 2016, quando Dilma Rousseff sofreu o Impeachment mas manteve seus direitos políticos, fruto de uma decisão do então ministro da Suprema Corte Ricardo Lewandowski, atendendo a um pedido do PT que agora o nomeou ministro da justiça. Uma ponta da Constituição Federal começou a ser rasgada.
Em 2016, o STF aprovou a prisão em segunda instância. Mas em 2019, ele mudou de ideia mostrando que nunca é "o que", mas "quem". Eles precisavam libertar aqueles que lhes nomearam ministros e estavam presos. Afinal, Bolsonaro era "uma ameaça à democracia" e valia tudo para tirar Lula da cadeia. Era uma causa "nobre". E aí, nos tornamos o único país do mundo onde condenados em segunda instância não são presos. Para que sustentar um judiciário desse tamanho, se raramente alguém será preso? Bom, depende. Para a tia que estava com a bíblia na mão no dia 08 de janeiro de 2023, nem teve primeira instância e ela foi presa por ordem do STF mesmo não tendo foro privilegiado. E a gente foi se acostumando com esses absurdos.
Em 2019, começou a censura contra a revista Crusoé por ela ter feito uma reportagem onde o Dias Tóffoli, com seu apelido na planilha da Odebrecht, foi citado. O "amigo do amigo do meu pai" não gostou e numa dobradinha com Alexandre de Moraes que ja tinha aberto um processo de um crime que não existe no ordenamento jurídico chamado Fake News, iniciou a perseguição às vozes de direita conservadora.
Temos jornalistas exilados, dezenas de brasileiros fugindo daquilo que já está normalizado. A Lei é o que se passa na cabeça de uma única pessoa.
A pandemia veio tirar todos os direitos fundamentais, inclusive criminalizar o tratamento precose de uma doença. O Brasil estava de dá inveja para a ditadura nortecoreana. Mas nos acostumamos. A suprema corte tirou o poder do presidente e transformou governadores em soberanos. Os bilhões que deveriam ser usados para salvar vidas,sumiram, ficando apenas estatísticas diárias de mortes cuja culpa jogavam em quem havia distribuído os recursos e não em quem os havia roubado.
Na luta pelo voto impresso auditável, o ministro do STF Luis Roberto Barroso, atravessou a rua e reuniu com líderes partidários até que eles desistissem da ideia e aquilo que já havia sido aprovado antes, foi proibido de ser executado.
Tudo estava pronto para devolver a "democracia" através de uma campanha feita pela justiça eleitoral em favor do ladrão que foi descondenado pela suprema corte por causa de um CEP. Serviço feito pelo ministro Edson Fachin, aquele mesmo que proibiu a polícia de atuar nos morros do Rio de Janeiro durante a pandemia, reforçando sua predileção por proteger e servir à bandidagem. Mas o Brasil foi se acostumando com os absurdos.
O ministro Alexandre de Moraes proibiu a campanha de Bolsonaro de falar a verdade sobre o Lula e permitiu a campanha de Lula mentir à vontade sobre Bolsonaro. Fora as inserções de rádio de Bolsonaro no nordeste que sumiram. Fora ônibus lotados de eleitores com dinheiro em espécie dentro, prova clara de compra de votos. Uma justiça que tem dono e que tem candidato não fez questão de esconder. O primeiro turno provou uma matemática que não existe. Bolsonaro elegeu Deputados Estaduais, federais senadores, governadores, só não se elegeu. Veio o segundo turno e o importante não é quem vota, mas quem anuncia quem ganha, e nisso teve a globo para fazer com muita alegria, com direito a comemoração dos jornalistas ao fundo. Depois veio o "missão dada, missão cumprida",veio o "perdeu mané", veio o "nós derrotamos o Bolsonarismo" .
Parece que estávamos dispostos a romper como esse conjunto infindável de absurdos e uma multidão tomou conta da frente dos QGs por todo o Brasil. E aí o país se dividiu entre os que se acostumam e os que são tidos como "golpistas" porque não querem continuar se acostumando. A Constituição Federal já estava rasgada em pedacinhos miúdos impossíveis de serem juntados e colados e era proibido falar do seu artigo 142. Sim, era inconstitucional falar de um artigo e cogitá-lo. O dia 08 de janeiro estava todo armado com direito a trinta minutos no fantástico com o artista "bolsonarista" quebrando um relógio de parede. Eu tenho curiosidade de saber se esse camarada está entre os condenados à 17 anos de prisão junto com as senhorinhas. Teve até CPI presidida por quem sumiu com as câmeras que poderiam dizer o que realmente aconteceu. Daí a "democracia" que salvaram começou o rolo compressor com centenas de prisões ilegais, com a morte do Clezão. Felipe Martins foi preso baseado numa matéria de jornal que dizia que ele viajou. Sendo que viajar nunca foi crime, até aquele dia. Porém, ele não viajou para piorarem os absurdos.
Chegamos em novembro de 2024, e a criatividade do Alexandre de Moraes e sua PF particular consegue achar um "golpe" que dizem ter sido articulado e que insistem que Bolsonaro estava envolvido. Militares são presos por civis, cena que eu achava que nunca presenciaria na vida. A Suprema Corte Militar não serve pra nada, nessa altura do campeonato. O presidente que tem uma multidão de seguidores nas ruas e nas redes, está inelegível por ter se reunido com embaixadores e ter falado aquilo que está num processo movido pelo próprio TSE sobre as urnas eletrônicas.
Bom, de absurdo em absurdo, o dólar chegou a
R$ 6,00, juros altísssimos, poder de compra caindo, a classe média que eles já tinham prometido destruir, está indo à galope para a classe baixa, o número de mendigos nas ruas só aumenta, a água do nordeste foi suspensa, a picanha era só mais uma metáfora daquele que já disse que cansou de mentir por aí. O salário não dá pra nada, até o quilo do limão está com dois dígitos e o Haddad, que não sabe nada de economia, está tocando para os banqueiros dançarem de alegria. O pai dos pobres gosta mesmo é de bancar a elite da imprensa e os artistas para garantir a narrativa a seu favor e contra seu adversário. O crime organizado bem representado na suprema corte, um recém chegado ministro terrivelmente comunista e que se orgulha disso. O Adélio era só um "lobo solitário" que teve os advogados mais caros à sua disposição e aquele que quase morreu da facada, continua sendo o monstro cujo defeito foi agir dentro das quatro linhas.
E, de absurdo em absurdo, a gente vai se acostumando, como um sapo que é cozido numa panela aos poucos, e morre sem perceber que o perigo foi ter se acostumado com a temperatura. Mas aqueles que decidiram não se acostumar estão presos e exilados. A "democracia" foi salva pela ditadura e ainda tem muita gente ignorando o óbvio. De absurdo em absurdo a gente vai se Venezuelando e assistindo com normalidade crimes cometidos contra a pátria por quem é muito bem pago para protegê-la. De absurdo em absurdo, cada um vai comendo menos até não comer mais nada. É preciso um levante contra os absurdos para sair do risco de se tornarem normais e a nossa prosperidade e liberdade serem apenas um sonho que nunca se cumprirá. E você? Está normalizando os absurdos ou reagindo a eles como pode, enquanto pode, se pode? Muitos não podem mais.
Adriana Garcia
Jornalista na Amazônia
Jornalismo como deve ser.
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